A mulher presa por envenenar e matar os dois filhos, de 18 e 12 anos, em Belo Horizonte, também é suspeita de ter tentado intoxicar o marido. A nova linha de investigação foi levantada com base no depoimento do homem, que relatou um episódio ocorrido em outubro do ano passado.
De acordo com o delegado Humberto Junio, responsável pelo caso, o marido contou que passou mal após tomar um café servido pela esposa durante uma visita ao sítio da família. “Depois de tomar esse café, ele começou a passar mal, com diarreia e vômito. Então, levantou-se a suspeita de que ele também teria sido envenenado”, afirmou o delegado.
Segundo a Polícia Civil, a motivação dos crimes teria sido vingança contra o homem, com quem a suspeita vivia uma crise conjugal há anos. Viviane Leonarda dos Santos Oliveira foi indiciada por homicídio qualificado e segue presa preventivamente. O Ministério Público analisa o inquérito para apurar responsabilidades e decidir quais medidas serão adotadas.
Os filhos de Viviane, Isadora dos Santos de Oliveira, de 18 anos, e Moisés dos Santos de Oliveira, de 12, passaram mal após um jantar composto por arroz, feijão, frango, chuchu e angu, servido por ela em casa. Os sintomas surgiram cerca de 30 minutos após a refeição, e ambos foram levados a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Isadora morreu após cinco dias internada, enquanto Moisés resistiu por 14 dias, mas também não sobreviveu.
A investigação detectou a presença da substância popularmente conhecida como “chumbinho” — veneno utilizado para matar ratos — nos corpos das vítimas. O celular da suspeita revelou mais de 130 pesquisas sobre o produto, além de mensagens que indicam um possível planejamento dos crimes. Em uma delas, Viviane teria mencionado dificuldades financeiras e a intenção de “acabar com tudo”.
A polícia também apurou tentativa de ocultação de provas. Os alimentos contaminados foram descartados e a casa foi encontrada limpa e organizada durante a perícia. “A atitude da mãe, que não demonstrou preocupação em descobrir quem envenenou os filhos, chamou a atenção da equipe”, acrescentou o delegado.
Em depoimento, Viviane afirmou que “estava tudo nas mãos de Deus” e apresentou diferentes versões sobre o ocorrido. Ela também não soube explicar como os filhos consumiram o jantar contaminado.
Sobre a suspeita de tentativa de envenenamento do marido, a defesa de Viviane divulgou uma nota rebatendo as acusações. “Se houve o envenenamento, por que o delegado não indiciou pela tentativa de homicídio? Não consta nos autos qualquer laudo técnico, perícia ou prova que comprove essa alegação. A menção a esse episódio, feita à imprensa de forma leviana, não encontra amparo probatório e é absolutamente prejudicial à imagem da investigada.”
As investigações continuam em andamento.